terça-feira, outubro 28, 2008

Árvores

Os primeiros cronistas a escrever sobre a Graciosa referem que à data da sua descoberta esta ilha estava coberta por espesso arvoredo, mas pouco mais de dois séculos depois de ter sido povoada já se apresentava “toda descoberta e sem matos” (Frei Diogo das Chagas) em resultado dos arroteamentos que depressa se estenderam a quase toda a sua superfície. Em inícios do século XIX iniciou-se o repovoamento florestal da ilha com vista sobretudo à produção de lenha, cobrindo-se alguns picos com Faia, que era até há poucas décadas a espécie dominante até à introdução do Incenso, actualmente subespontânea em todo o arquipélago e que pelo seu rápido crescimento e proliferação veio a tomar o lugar a outras árvores. O manto arbóreo que cobre hoje algumas partes da ilha branca, além de bastante reduzido, é constituído por espécies exógenas que se vieram impôr aos endemismos açóricos. Importava pois a quem de direito plantar e zelar pelo crescimento de uma floresta verdadeiramente nossa, tal com a Madeira que encerra no cocuruto dos seus picos a vegetação primitiva que os primeiro povoadores vieram encontrar e que hoje é Património da Humanidade.

domingo, outubro 12, 2008

Forte do Corpo Santo



Memoria descriptiva


Capitulo 1.º– Descripção e historia da propriedade

Na Villa e concelho de S.ta Cruz da Ilha Graciosa, districto administrativo de Angra do Heroismo, e que constitui o commando central militar dos Açôres, e no logar chamado do Corpo Santo ha uma bahia ou enseada para a defeza da qual se construio o Forte denominado do Corpo Santo. (...) É de forma exagonal, e montava 9 boccas de fogo como se vê da respectiva planta. Tinha no seu recinto uma pequena casa, e da qual só existem as paredes.Não ha monumentos certos da sua edificação, mas parece que já existia quando em 1710 o general Couto Castello-Branco inspeccionou as fortificações açorianas, segundo o Archivo dos Açôres.(a) Pertence á freguesia e Commarca de Sta. Cruz.

Capitulo 2.º– Condicções de construcção

As muralhas que olham ao mar foram construidas de basalto e tufo argamassado, o que lhe dava garantias de alguma solidez; porem a da góla é uma parede e que tem resistido por não ser batida pelo mar e estar abrigada pelas casas que lhe ficam proximas.

Capitulo 3.º– Estado de conservação

Está em pessimo estado, faltando-lhe parte do lagêdo que guarnecia as muralhas, e o existente está solto tendo-lhe cahido a argamassa em que assentava. As muralhas interiormente estão damnificadas bastante bem como as canhoneiras. As casas só tem as paredes e estas em máo estado. O fórte ainda se conserva fechado com um máo portão.

Capitulo 4.º– Fim a que foi destinado e qual a sua actual applicação

A defender o desembarque no porto da Villa. Actualmente está desartilhado, e conserva um portão ainda que máo por haver ali um páo de bandeira para se arvorar esta quando ali passam navios de guerra, etc. Está a cargo do commandante militar da Ilha.
(...)


Quartel em Angra do Heroismo, 20 de junho de 1885.

Damião Freire de Bettencourt Pego C.el em comm.ão

terça-feira, outubro 07, 2008

O Provincianismo segundo Fernando Pessoa

"Se, por um daqueles artificíos cómodos pelos quais simplificamos a realidade com intenção de a compreender, quisermos resumir num sindroma o mal superior Português, diremos que esse mal consiste no provincianismo (...). O provincianismo consiste em pertencer a uma civilização sem tomar parte no desenvolvimento superior dela, em segui-la mimeticamente com uma subordinação inconsciente e feliz."

domingo, outubro 05, 2008

Fotografias da Minha Graciosa - 3



"Toda a ilha é quasi toda defendida pelo áspero da costa e restingas de pedra e o mar ser bravo, e por onde a costa é baixa tem parapeito para cobrir a gente, com alguns fortins ou reductos e cruzam em algumas pontas de uns a outros, para defensa das enseadas e ainda que sejam sem arte, é o que basta”
António do Couto (1709)