sábado, dezembro 31, 2011

Último post do ano

5, 4, 3, 2, 1... Feliz 2012!

A minha resolução de ano novo é arranjar mais tempo para escrever neste espaço...

Haja Saúde!

sexta-feira, dezembro 23, 2011

...

Graciosa. Que bom é voltar.

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Caldeira

Logo que passamos o túnel, aberto no rijo basalto, deparamo-nos com uma tela de verde, pontuada aqui e ali por afloramentos esbranquiçados cobertos de líquenes. Um primeiro passo e tudo é silêncio, de um a outro contraforte deste vulcão adormecido que se fecha em taça sobre nós, acolhendo-nos no seu colo que podia ser tão velho como o mundo. Numa primeira impressão, a Caldeira parece decalcada das páginas de uma qualquer fantasia do inicio do século passado, uma terra pristina habitada por seres fantásticos, escondidos nos meandros de cada vereda. Mas aqui só habita a Maria Encantada, que ainda chora o seu fado numa das grutas que rasgam a montanha.


Isto nem sempre foi assim; depois de ser lago de lava, inferno, a terra nova parida de um ventre profundo achou-se descarnada. É assim a Natureza: tudo o que nasce é esqueleto ígneo que á medida que amadurece, compõe-se de carne e cores. Vida. Primeiro uns farrapos de erva. Um arbusto e depois o outro. As árvores entram tarde nesta história. Já o Homem havia desembarcado nas costas da ilha branca há séculos, quando as encostas da Caldeira se acharam plantadas por milhões de árvores que até então a Natureza não tivera pressa em fazer crescer. A Caldeira arborizada que hoje conhecemos é obra humana, com pouco mais de 50 anos.
 Um homem perde-se rapidamente nestes trilhos. Não que haja perigo nisso, a não ser o de se encantar pela Maria, que tendo morrido há séculos, insiste em viver nas histórias que passam de geração em geração. Lá em cima, onde acabam as muralhas da Caldeira, sobram os utensílios que ela usava para fazer o pão, petrificados no tecto da gruta que em tempos foi o seu forno. Juram a pés junto que se olharmos bem conseguimo-los ver, no tecto da gruta. Quero acreditar nisso.
 As grutas são numerosas, ocultas por entre a vegetação ou apelativas por entre a monocromia da cratera. A mais impressionante é, sem dúvida, a Furna do Enxofre. Aqui acabam-se-me as palavras. Um imenso céu de pedra, esculpido pela fúria ígnea do vulcão, abre-se no abismo de sombras. Cheira a enxofre, como se o demónio por cá andasse. Os construtores de catedrais invejariam esta obra, feita sem cinzéis ou esquadria, nem qualquer plano que não o da aleatoriedade da Natureza e onde se venera essa força telúrica que emana, não dos Céus mudos, mas do agitado ventre da Terra. Ajoelhemo-nos então.

Longe vão os tempos em que as célebres burricadas desciam estas encostas, então desnudas, trazendo os visitantes até ao centro deste pequeno mundo. Traziam farnel e boa-disposição. Ainda hoje se perpetua essa tradição, mas os burros deram lugar aos carros, que incomodam muito mais do que o simpático bicho. Não há tarde de Domingo, logo que chega o bom tempo, em que á sombra destas árvores não se estenda uma toalha e se acenda um braseiro. E assim há-de ser para sempre!
 Poderia vaguear o dia todo por este carreiros de pé posto, intricado labirinto que poucos conhecem e maravilhar-me com esta paisagem que muda a cada passo. Há tanto para descobrir e tanto para aproveitar aqui…

sábado, dezembro 03, 2011

Fornos de Telha da Rochela



Fonte das Imagens: Arquitectura Popular dos Açores

sexta-feira, dezembro 02, 2011

boas vindas e velhas pedras...

Houve alguém que sugeriu que junto ao porto da Praia se colocasse um pequeno monumento de boas vindas, que pudesse ser lido em várias línguas por quem aqui desembarca. Nada contra. Só lamento que quem aqui vive se tenha esquecido dos fornos de telha da Rochela, anexos ao porto, que no seu actual estado constituem um vergonhoso cartaz de boas vindas para quem aporta á ilha Branca. Mas esqueçamos os turistas e as aparências se nós, Graciosenses, não damos valor a um património tão valioso e que em tempos idos se constituiu como a mais importante indústria da Graciosa, parte do sustento de dezenas de famílias que nos meses de Verão, de sol a sol, amassavam, enformavam e coziam a telha nestes vetustos fornos, para depois a venderem por todas as freguesias e até para as outras ilhas.



Recuperar e musealizar os fornos de telha da Rochela, seria um merecido reconhecimento do seu valor histórico e arquitectónico e um apelativo cartaz de boas-vindas, mas mais do que isso, seria preservar uma parte importante da nossa memória colectiva. Não há melhor maneira de sublinhar a nossa hospitalidade do que valorizar as marcas da nossa terra, porque placas de boas-vindas, há-as em todas as aldeias; Sensibilidade para com o passado é que se vai tornando coisa rara.