quinta-feira, outubro 08, 2015

Fotografias da Graciosa


A Caldeira, senhora da ilha...

sexta-feira, outubro 02, 2015

Uma baleia


Foi num fim de tarde de mar azul que vi a baleia. Houve uma agitação, um salpico esparso de espuma branca sobre o mar raso que me vez olhar para aquele lugar, a pouco menos de uma milha da costa. Subitamente, uma pirueta acrobática, uma barriga branca e um dorso negro. Outra pirueta. E outra e outra... Não ouvi foguetes nem buzina como diziam os antigos que era a lei quando iam caçar o leviatã. A baleia, (baleia de barbas, baleia de bossa?) esteve ali 20 minutos, a saltar e a agitar o mar numa tarde clara de Agosto.

Atónito, apressei-me a pegar na máquina fotográfica e a fazer zoom. Duas (tentativas de) fotografia depois apercebi-me da futilidade do meu acto. Que raio, um dos animais mais magníficos do mundo à minha frente e eu a tentar vê-lo pela objectiva de uma máquina, preocupado em focá-la e enquadrá-la! Desliguei a máquina e fiquei ali, sobre o calhau do mar, a apreciar o espectáculo efémero.

Uma das muitas doenças da pós-modernidade é esta mania absurda de enxergar o mundo por uma objectiva. Sofro como todos desse mal. Como se todo o mundo, redondo e imenso, pudesse caber num ecrã quadrado.

Vi uma baleia. Provavelmente nem esteve tanto tempo ali à vista da costa como eu disse, provavelmente nem saltou e rodopiou no ballet que eu me lembro de ter visto, provavelmente a tarde nem estava bonita e o mar estava agreste, mas eu hei-de lembrar-me por muitos anos que vi uma baleia a agitar o mar chão num fim de tarde doirado de Agosto. Não a prendi numa fotografia mas ela vive livre na minha lembrança e livre no nosso Atlântico.