quarta-feira, abril 29, 2009

Rotunda


A febre das rotundas, que desde há alguns anos grassa neste nosso Portugal, passaria um pouco despercebida se os nossos edis não insistissem em chapar nessas rotundas com um qualquer monumentozeco que, regra geral, atenta contra o bom-senso e o bom-gosto. Há rotundas implantadas em sitíos ridiculos, mas haverão muitas mais ornadas com berloques ridiculos.
A há muito falada rotunda do Largo Vasco da Gama, no centro da Vila de Santa Cruz, não irá fugir a esta moda tão Tuga de homenagear não-sei-o-quê nesses espaços tão sui-generis. E para não fugir à lei, um monumento com uma tremenda falta de bom gosto e que em nada se enquadra no perfil urbano da vila. Penso que para OVNI urbano já nos bastava o novo Museu. Agora apanhamos com dois de rajada. Sem dó.
Às vezes fazer o simples é mais complicado e estas opções vistosas garantem sempre o poder dizer-se que há obra feita.


Meus senhores, o nosso dinheirinho não podia ser mais bem gasto?
Haja bom senso!

segunda-feira, abril 27, 2009

sábado, abril 25, 2009

terça-feira, abril 21, 2009

Fotografias da Graciosa

A praça de touros do Monte d´Ajuda, na cratera que se debruça sobre a vila de Santa Cruz.

Filmes a (re)ver


Um filme genial a todos os níveis, belo e horrível, terno e violento, mas sempre equilibrado.
Consta que de Hollywood sairá em breve o remake desta obra Sul Coreana. Como é que se fazem remakes de filmes perfeitos?

domingo, abril 19, 2009

Tourada

Corrida na Ribeirinha, 1998

As touradas à corda são parte importante das tradições populares desta terra e não há festa onde não se incluam uma ou duas corridas de touros, que conseguem mobilizar centenas e centenas de pessoas, oriundos da ilha e não só. O touro dá o mote à festa, mas nem só dele ela se faz; os menos afoitos começam cedo a guardar o lugar mais seguro para ver o bicho correr, levam merenda e muita conversa, há que fazer passar o tempo até o touro sair . Os outros, que pouco se importam com as marradas e as dores no corpo, entretem-se na tasca até à hora do primeiro foguete.


O reboliço dos pastores à volta dos caixotes que encerram os animais, faz adivinhar o início da corrida. De quando em vez uma patada mais forte na madeira, estremece o caixote. O foguete rebenta no ar e ecoa ao longe. Adrenalina. A porta é levantada e é uma correria de gente rua acima, a fugir do touro que se precipita rente às paredes dos cerrados e limpa-as. Um moço capeia o animal. Palmas para o toureiro. O touro toma balanço e salta uma parede de pedra. As pessoas ali sentadas atiram-se para o caminho ou desaparecem, aflitas, pelo cerrado de milho adentro. Este Saltador, ainda consegue apanhar um homem que não conseguiu fugir a tempo. Gritos antes sequer do touro lhe tocar. Eleva-o no ar e ele cai de cu, antes que o touro tenha tempo de nova investida, o homem levanta-se e foge atordoado. Gargalhadas. Os pastores puxam a corda e metem o bicho no caixote. Foguete. A rua é inundada pela multidão, ouve-se touro em todas as conversas, com pipocas, tremoços e cerveja pelo meio. A corrida ainda agora começou, a festa brava há-de continuar.

quinta-feira, abril 16, 2009

Lindo Douro

O Douro, perto de Almendra.

Uns dias passados na confortável pacatez do Alto Douro, lá para os lados de Vila Nova de Foz Côa, são sempre aproveitados para passear e deslumbrar-me com esta paisagem sublime, onde cada monte, cada meandro do Douro, cada aldeia antiga, pintam quadros de uma beleza singular. Andei o dia todo com a minha (fraquinha) máquina fotográfica em punho, perdi a conta aos centos de fotos que tirei. Fiquei desiludido ao ver o resultado final, não por ser um fotógrafo medíocre (e sou), mas por não haverem fotografias que consigam captar a majestosa perfeição desta terra. Só os olhos e o coração.

João Marcelino in DN OPINIÃO

Confesso: também frequento o twitter, de vez em quando, à procura de ideias interessantes, e de notícias, mas o que ali vejo predominar por enquanto é o egocentrismo, a vaidade mal disfarçada, e, imagino, muito problema de solidão. Já que me deram o pretexto, aproveito: faz-me confusão ver pessoas com responsabilidades - no jornalismo, na política, em muitas áreas da vida social portuguesa - a discutirem em público temas tão interessantes como o exame da próstata, a informarem-nos sobre o que comem, a dizerem aos seus fanáticos e devotos "seguidores", que cultivam com evidente gozo e em orgulhosa competição, onde estão e o que fazem. Sinceramente, respeito mas não gosto. Em definitivo, só estranho que estas novas estrelas do big brother twitter, algumas das quais se rebelaram na altura contra o tabloidismo de determinados formatos televisivos, chafurdem agora no mesmo mundo, oco e exibicionista, ainda por cima de borla. O José Castelo Branco, ao menos, fazia-se pagar pelas rábulas. E às vezes tinha graça, o que não é de somenos.

http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1191519&seccao=Jo%E3o%20Marcelino&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco

segunda-feira, abril 13, 2009

Estranha forma de construir

Foto de A. Brum Ferreira

Os centros urbanos, independentemente do seu cunho histórico, não são imutáveis. São um organismo vivo, em contínua construção e desconstrução, numa infindável multiplicidade de formas e feitios, verdadeiro palimpsesto construído por quem os habita ou habitou. Assim a leitura destas realidades, construídas ao longo dos tempos, será sempre relativa. Se há quem veja os centros históricos como um santuário onde se perpetua a realidade de um passado mais ou menos distante, também há quem veja, por detrás de fachadas eruditas, tectos de telha de meia cana e dos cunhais finamente lavrados na pedra dura, mil e uma maneiras de cortar com a tradição e deixar marca indelével na paisagem urbana, com todas as implicações que daí possam advir. Estas letras, não poderiam deixar de referir-se, claro está, ao projecto de ampliação do Museu da Graciosa.

A obra de ampliação do Museu gerou polémica no seio da comunidade Graciosense por se tratar de um projecto dissonante da restante arquitectura da vila de Santa Cruz, classificada e de construção condicionada. Nem mesmo as alterações efectuadas a posteriori ao projecto, aliviaram as enormes diferenças entre o novo edifício e os pré-existentes.

Pessoalmente, discordo da opção arquitectónica adoptada, embora lhe reconheça algum valor, mas acima de tudo, temo que isso abra precedentes que possam pôr em causa integridade e a harmonia de um centro histórico de matiz erudita e o transfigure irremediavelmente. As casas nobres do centro de Santa Cruz, debruadas a cantaria de basalto, de portas vetustas e telhados antigos, correrão o risco de se verem sujas pelo betão, pelas janelas e portas em alumínio, pela telha marselhesa e por demais facilitismos construtivos que a contemporaneidade pôs ao nosso dispor.

Seria decerto mais consensual, construir um edifício que respeitasse o património edificado e nele se integrasse, com elementos arquitectónicos que reflectissem a realidade local e não um conjunto de paredes em betão amorfas e que nada nos dizem. Poderíamos estar a enganar as gerações futuras com marcas que não são as do nosso tempo, mas ao menos não enganávamos a memórias das gentes que com o seu árduo e exímio labor nos legaram esta bela vila.

sexta-feira, abril 10, 2009

domingo, abril 05, 2009

...

Ainda há quem teime em escrever ilha da Graciosa em vez de ilha Graciosa e Graciocenses em vez de Graciosenses.
Rai´s parta os buros...