sábado, fevereiro 26, 2011

Aquele Querido Mês de Agosto

Fevereiro põe-me doente. Literalmente. Talvez tenham sido os delírios de uma gripe manhosa que me trouxeram à memória o mês de Agosto e as festas de Verão que despontam por todo este Portugal, que se espreguiça indolentemente durante esses 31 dias de sol.

Lembrei-me dos “Bailes de Verão” nas aldeias do Alto Douro, perdidas e abandonadas durante todo o ano, excepto nesse dourado hiato compreendido entre o 31 de Julho e o 1 de Setembro, quando esses filhos, netos e primos que vivem no 12eme arrondissement regressam e ressuscitam aldeias moribundas. Multiplicam-se as festas, a algazarra preenche as horas quentes do dia, com muito vinho à mistura. Mas são as noites, essas lindas noites de Verão onde qualquer santinho esquecido pela hagiografia, padroeiro das dores de dentes ou dos capadores de porcos, merece a maior festa do ano. À noite no largo principal, uma banda actua em cima de uma trela de tractor, o repertório vai de Deep Purple a Quim Barreiros. São mais os que vêem do que os que dançam. Numa esquina da igreja, o balcão da tasca enche-se de cerveja, cascas de amendoim e pires de tremoço, falam, gritam, enquanto a música ecoa pelas ruas iluminadas.

As festas de Verão, que perpetuam costumes seculares muito anteriores à religião que delas se apropriou, tem um cunho vincadamente pagão, onde se acabam por diluir o sagrado e o profano. Em última análise é tudo uma questão de celebração da abundância: de gentes que enchem as aldeias, de comida, de vinho e cerveja, de música, de alegria. Seja em Seixas, algures no Douro, ou na Ribeirinha, algures numa ilha atlântica. E Agosto que nunca mais chega.

domingo, fevereiro 20, 2011

Fotografias da Graciosa

Os contornos da Caldeira e da Serra das Fontes, à luz difusa dos dias insulares.