A
casa morreu de solidão e apodreceu como um esqueleto, carcomido pela salitre e
pelo caruncho, amortalhado em teias de aranha e pó de abandono. A velha chaminé
de mãos postas é uma suplica e as telhas reviram-se em agonia quando puxa a
nortada. A sua última habitante, minha avó, morreu numa manhã cinzenta de Maio
e a casa começou a morrer nesse dia.
São as pessoas que fazem os lugares mas são os lugares que sobrevivem às pessoas. E quando o cheiro a gente desaparecer, quando a fartura de uma mesa de matança for pó, quando as vozes na cozinha e nos corredores for um distante eco, as casas também morrem. De solidão.
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