Conheço pessoas mais antigas, a quem não falta fé, que ao passar por cruzamentos, levam a mão direita à fronte e fazem o sinal da cruz, proferindo entredentes poucas palavras que nunca cheguei a perceber. A este costume verdadeiramente ancestral estão também associados as cruzes e cruzeiros que em silêncio guardam cruzamentos e bifurcações dos caminhos e que traduzem o medo das gentes por esses sítios, assombrados pelo demónio, ponto de encontro de bruxas e criaturas malfazejas que importunavam quem queria chegar a casa.
Na Graciosa existem uns quantos cruzeiros, em ferro ou em pedra, mais ou menos discretos. O mais conhecido é a cruz da Barra, situada numa bifurcação, ex-líbris da vila de Santa Cruz. A cruz do Bairro, a cruz do Barro Branco, a cruz da Terra do Conde e a cruz junto à praça de toiros do Monte d´Ajuda são outros, encontrando-se todos em cruzamentos ou bifurcações. Havia que escolher bem o caminho, fosse o que nos levasse a casa, fosse o que nos conduzisse à Salvação.
Sem comentários:
Enviar um comentário