sexta-feira, outubro 12, 2007

Fé?

Um viajante anónimo, que conheci depois de se ter "perdido" uns dias na Graciosa, dizia-me que se tinha impressionado com o número de igrejas e ermidas que as gentes deste pequeno torrão de terra tinham construído... Não me recordo agora do número exacto de templos espalhados pelas quatro freguesias mas, inventário feito,superam as três dezenas... Disse-lhe que o resto dos Açores são assim, não há povoação que não tenha um par de ermidas, não há vila que não tenha igreja matriz....
Como não poderia ser assim? Rodeados de mar bravo, abalados por sismos, amedrontados com a sombra dos picos, vulcões adormecidos... Como não poderia ser assim? Parece que passamos mais de metade dos nossos cinco séculos de História a construir igrejas, esforço catártico: se não temos fé nas forças terrenas, temos de ter fé no Céu!
Mas se as igrejas e ermidas são para Deus, os seus adros são para os Homens, se umas são para aproximar o Homem do Divino, os outros são para aproximar o Homem dos seus semelhantes. Os adros são pontos de encontro, de folgares e romarias animadas onde os ilhéus convivem, quebram o isolamento próprio de quem vive circunscrito a meia légua de terra...
30 igrejas e ermidas é boa conta; somatório dos nossos medos, da nossa fé insular, da nossa necessidade de esquecer que o dia de hoje (se a terra se inquietar) pode ser o último...