terça-feira, março 20, 2007

Havemos de voltar

Calculo que, por algum breve período de tempo, todos os Graciosenses que existiam no mundo estiveram no mesmo sitio, o unico lugar que é deles, esta ilha. Talvez a primeira geração de pessoas que aqui habitaram...Depois ou porque a terra os castigou ou porque o mar açoitou os seus corpos, partiram, foram soprados pelas 4 cantos do mundo, sobretudo pela América. Parece então que esta ilha foi somente um ponto de passagem, uma escala entre o velho e o novo mundo, entre uma vida de miséria e o sonho de uma vida de riqueza... Tanto é que somos mais lá fora do que aqui...mas um dia ou outro acabamos sempre por voltar a estes basaltos negros aquecidos pelo sol de Junho, a este salgueiros açoitados pela nortada fria de Janeiro, á parra das uvas maduras que dão cheiro a Setembro. Um fio de saudade, mais forte do qualquer outra coisa traz-nos á Casa que um dia abandonamos pensando "Havemos de voltar".
"Adeus que me vou embora
Adeus que embora me vou
Vou daqui pra minha terra
que eu desta terra não sou"
António Variações

segunda-feira, março 12, 2007

Hartung



Gravura da ilha Graciosa, datada da 1860, da autoria do geólogo alemão Georg Hartung.

Pioneiro alemão da geologia, Georg Hartung é autor de múltiplos livros de viagens e de um conjunto de trabalhos de grande qualidade sobre as ilhas da Macaronésia, em especial sobre as Canárias e os Açores. A obra Die Azoren in ihrer ausseren erscheinung und nach ihrer geognostischen Natur, publicada em 1860 na cidade de Leipzig, contém um conjunto de ilustrações de grande interesse científico e, apesar dos 150 anos já decorridos após a sua publicação, mantém interesse para o conhecimento da geologia das ilhas.

segunda-feira, março 05, 2007

Demografias

"Eles requerem (porque necessitam totalmente) que se tirem 200 casais, ao menos, desta ilha, porque a gente que há é muita, e pouco o em que se ocupem"
António do Couto, 1709

Se em séculos idos o que preocupava os Graciosenses era o excesso de população, hoje o nosso grande medo é que num futuro não tão longíquo quanto isso, não restem mais do que dois ou três casais em toda a ilha...

sexta-feira, março 02, 2007

Eles andam aí...(ou talvez não)

Andava a espreitar umas páginas na net quando me deparo, num site cujo nome teima em não me ocorrer, esta curiosa noticia:
Cerca das 05horas e 25 minutos, foi observado no céu da ilha Graciosa um Objecto Voador Não Identificado (OVNI). Com efeito, em conformidade com inquérito levado acabo pelo Centro Meteorológico da Graciosa, o objecto deslocava-se sem ruído, iluminou a pista do aeroporto e afastou-se. Foram testemunhas oculares o guarda da PSP em serviço no referido aeroporto, um outro guarda que se encontrava nas proximidades e o dono do restaurante local. O nosso jornal contactou o posto policial de Santa Cruz, tendo-nos dito que não foi possível identificar a forma e a natureza do objecto luminoso; apenas verificaram durante segundos um clarão, que iluminou o aeroporto. O objecto apareceu a altura relativamente baixa. Mais tarde, por cerca das 8 horas, e não obstante a luz do dia, foi visto a uma distância muito grande um foco luminoso, parecendo-se com uma estrela, presumindo-se que fosse o referido objecto.

Fonte : «Jornal Correio dos Açores» de 27.02.1982

As Impressões do Viajante (Chateaubriand)

Na primavera de 1791 aportava na baía da Barra, na altura o principal porto da Graciosa, uma fragata francesa em escala para os Estados Unidos. Entre a tripulação contava-se um jovem oficial chamado François Auguste Chateaubriand, mais tarde lembrado como um dos mais ilustres homens de letras de França, haveria de cruzar-se na sua vida com nomes tão grandes como Luís XVI, George Washington ou Napoleão Bonaparte .
Chateaubriand demorou-se na ilha somente alguns dias, mas são várias as referências á Graciosa em várias das suas obras, nomeadamente as Memórias de Além Túmulo e o Ensaios sobre as Revoluções, do qual apresento um excerto:
" A ilha Graciosa onde nos encoontrávamos compôem-se de pequenos outeiros, cujos contornos arredondam-se um pouco nos cimos, se assemelham a vasos corintíos. Naquela altura estavam cobertos de campos de verde trigo que exalavam o suave aroma peculiar dos campos açorianos(...) No sopé de um monte em cujas alturas se erguia um convento viam-se avermelhados os telhados da povoação de Santa Cruz(...).
Havia algum alarme na ilha (...) ali ainda não se conhecia a bandeira tricolor francesa pelo que não se sabia se eramos piratas argelinos ou tunisinos. ao verem que eramos como os outros homens e que entendiamos a sua lingua mostraram grande alegria(...)
Metade da ilha pareceu-me, sem exagero, habitada por frades e o resto da população pareceu-me estar ligada a eles por laços muito estreitos(...)"