sexta-feira, dezembro 26, 2008

Pico Timão

Pico Timão nos anos 60 (Foto de António Brum Ferreira)

Passei há uns dias pelo Pico Timão, que se ergue altivo no coração da Graciosa. Há meses que não passava ali, por isso fiquei espantado com as dimensões da bagaceira que estão a abrir bem no centro da cratera. A cicatriz é por demais evidente e chocante, não tardará muito até que toda a cratera do Pico Timão esteja revolvida por máquinas e despida de vegetação. Uma cicatriz horrivel a marcar uma paisagem imaculada. Mas quem fica a perder é a Graciosa e os Graciosenses.

A extracção de inertes é, em qualquer lugar, uma questão delicada; sendo a Graciosa uma ilha pequena, com parte significativa da sua economia assente na construção civil, não se pode exigir que as empresas comecem a importar bagaça. Todavia tem de haver, por quem de direito, uma supervisão aos espaços onde estão implantadas as bagaceiras e um plano para a sua recuperação e reenquadramento paisagistico, coisa que embora até possa ser contemplada nas licenças de exploração, facilmente se esquece.

O Pico Timão, se as coisas continuarem assim, dificilmente voltará a ser como dantes, mas nós é que ficamos a perder. E quando a bagaça acabar ali, as máquinas passarão a esventrar a encosta da Caldeira, o Porto Afonso ou o Pico Negro?

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