segunda-feira, dezembro 01, 2008

Sair da Ilha...

Contam os mais velhos que havia um homem no Guadalupe que em todos os seus anos de vida nunca saiu desta freguesia. Não sei até que ponto esta estória será verdadeira, mas a ser, mérito seja dado a alguém que nunca precisou de abandonar os poucos palmos de terra que conheceu, a alguém que nunca precisou de vir à vila tratar de papéis ou ir ao doutor. Para este modesto homem o Carapacho seria tão longe como Lisboa ou Nova Iorque.
Hoje o espaço que a ilha ocupa é muito menor do que as suas reais dimensões, já poucos se contentam com estes 62 quilómetros quadrados que foram em tempos um enorme continente e há que ir mais além porque esta Graciosa já não nos basta. A partir do momento em que nos apercebemos da nossa pequenez, deste mar que nos rodeia por todos os lados, viver na ilha torna-se difícil. Acontece a quem sai da ilha para estudar e de pouco valem as promessas dos políticos e o seu empenho em criar condições para que um dia, quem saiu, regresse e se cumpra. Porque a Graciosa não pode oferecer o que oferece São Miguel, Lisboa ou o Porto.

Alegro-me pelos que regressam à ilha, empenhados em fazer alguma coisa pela sua terra. Mas são sempre poucos, por muito valor que tenham. Os restantes, essa maioria que enche as nossas ruas no Verão, vão ficando lá por fora, a cumprirem-se longe da sua terra, das sua raízes e a cada Inverno que passa as ruas vão ficando desertas e pesam nos rostos dos que cá ficam essas ausências…

Sem comentários: