terça-feira, julho 07, 2009

Moura Encantada

Parece-me que não há terra do Alentejo onde não se conte a estória de uma Moura Encantada, presa a uma qualquer maldição intemporal, que sussurra a sua infeliz sorte, em noites de lua cheia, a quem a quiser ouvir e se acaba por enredar no seu feitiço. As lendas das Mouras Encantadas lembram-me em todos os seus contornos a nossa lenda da Maria Encantada, também ela condenada a carpir para todo o sempre, as mágoas de uma vida desafortunada.
Se os primeiros povoadores da Graciosa eram originários do Alentejo (Montemor, Portel, Moura, só para nomear alguns dos nomes que tenho como certos), suponho que a Maria Encantada, mais não será do que a transposição da lenda da Moura Encantada para outra realidade. O próprio nome Maria parece surgir como corruptela do termo Moura.
È fácil de acreditar que os povoadores, que trouxeram gado, plantas e utensílios do seu quotidiano, tenham trazido também a mitologia das suas terras de origem para este torrão de terra distante. Embora com o passar dos anos e a chegada de novos povoadores de outras regiões mais setentrionais, a lenda se tenha metamorfoseado naquilo que hoje conhecemos, ela permanece, na sua essência e ponto por ponto, igual às lendas das Mouras Encantadas do Continente.
Paralelismos à parte, ainda há quem ouça a Maria Encantada em noites de luar, a chorar nas encostas da Caldeira. Que assim seja. Para sempre.

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