quarta-feira, julho 12, 2006

Uma Ilha Seca... (Parte I)

A Graciosa evidencia-se no contexto insular por ser a ilha menos acidentada do arquipélago. Os contornos suaves dos montes e picos que salpicam a paisagem raramente ultrapassam a cota dos 350 metros, permitindo que o povoamnto penetrasse no interior e não se limitasse á faixa litoral como sucedeu nas outras ilhas.
Cedo a Graciosa virou costas ao mar, desenvolvendo no interior uma densa rede de caminhos ladeada por povoações de contornos mal definidos. É, como afirma Almeida Laghans, "uma ilha onde não se sente o mar e onde não se ouvem as aves marinhas", e no entanto toda ela é mar...
Todos os palmos de terra foram aproveitados ora para pasto, ora para cultivo, ora para vinha, o que explica em parte que esta tenha sido uma ilha onde a produção de trigo, centeio e vinho rivalizava com a das maiores, pese o facto dos seus 62 Km2...
As secas que de quando em vez assolam esta terra e os baixos indices de humidade podem também ser explicados pela inexistência de elevações com cotas significativas: as chuvas orográficas, tão frequentes em outras ilhas, são na Graciosa praticamente inexistentes. Assim se explica que, como relatou um viajante de há 3 séculos, nesta ilha houvesse mais abundância de vinho do que de água...

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