domingo, abril 19, 2009

Tourada

Corrida na Ribeirinha, 1998

As touradas à corda são parte importante das tradições populares desta terra e não há festa onde não se incluam uma ou duas corridas de touros, que conseguem mobilizar centenas e centenas de pessoas, oriundos da ilha e não só. O touro dá o mote à festa, mas nem só dele ela se faz; os menos afoitos começam cedo a guardar o lugar mais seguro para ver o bicho correr, levam merenda e muita conversa, há que fazer passar o tempo até o touro sair . Os outros, que pouco se importam com as marradas e as dores no corpo, entretem-se na tasca até à hora do primeiro foguete.


O reboliço dos pastores à volta dos caixotes que encerram os animais, faz adivinhar o início da corrida. De quando em vez uma patada mais forte na madeira, estremece o caixote. O foguete rebenta no ar e ecoa ao longe. Adrenalina. A porta é levantada e é uma correria de gente rua acima, a fugir do touro que se precipita rente às paredes dos cerrados e limpa-as. Um moço capeia o animal. Palmas para o toureiro. O touro toma balanço e salta uma parede de pedra. As pessoas ali sentadas atiram-se para o caminho ou desaparecem, aflitas, pelo cerrado de milho adentro. Este Saltador, ainda consegue apanhar um homem que não conseguiu fugir a tempo. Gritos antes sequer do touro lhe tocar. Eleva-o no ar e ele cai de cu, antes que o touro tenha tempo de nova investida, o homem levanta-se e foge atordoado. Gargalhadas. Os pastores puxam a corda e metem o bicho no caixote. Foguete. A rua é inundada pela multidão, ouve-se touro em todas as conversas, com pipocas, tremoços e cerveja pelo meio. A corrida ainda agora começou, a festa brava há-de continuar.

Sem comentários: