sábado, outubro 09, 2010

Cais Novo

O Inverno apressou-se a chegar, remetendo os dias de Verão - que foram poucos - para uma mera nota de rodapé. O mar, esse mar que é pai e padrasto, Deus e Diabo, sacudiu os alicerces da ilha e esmurrou as rochas negras que lhe tomaram o lugar quando a ilha nasceu. Um ilhéu desde cedo que se habitua a estas vicissitudes. Não há muralhas, por mais rijas que sejam, que resistam á fúria de um Atlântico embravecido e indomável.
O Cais Novo, que me é bastante querido e não tão novo como a designação o indica, ressentiu-se. É ele que ao longo destas mais de quatro décadas tem guardado a Calheta da fúria tremenda das ondas puxadas a nortada. Mais tarde ou mais cedo, depois do sal se lhe ter entranhado no betão bruto que lhe deu forma, de o mar o ter agredido por 40 invernos, este velhote havia de ceder. Foi hoje. Nada que não possa cicatrizar a tempo de enfrentar novos invernos e continuar, discreto mas robusto, a suportar a ira de Neptuno.









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