sábado, janeiro 31, 2009
terça-feira, janeiro 27, 2009
Catão
Lembrei-me, a propósito dos centos de caso de corrupção que envolvem os nossos políticos, da figura estóica do velho Catão, senador romano e apologista dos bons costumes, que certa vez foi mandado pelo Senado em missão à longínqua Hispânia. Como era hábito, o Estado disponibilizou-lhe cavalos para a desgastante jornada. Catão recusou-os a todos e preferiu ir pelos seus meios: mesmo como representante da república romana, não se achava no direito de usufruir de uma tão valiosa regalia e exigir o que quer que fosse aos seus patrícios.
É sem duvida, exemplo pragmático do que não se passa neste Portugalzinho de poleiros e compadrios, onde a velha máxima que diz que governar é a arte de servir o próximo, poucas vezes foi aplicada (houvesse muitos e bons cavalos do Estado). Os nossos políticos, dados a contorcionismos, malabarismos e a altos voos de trapézio sobre a cabeça do Zé Povinho, aterram do outro lado, de pé, imaculados e sorridentes, preparados para outro dia de circo. E o Zé Povinho aplaude.
Algures no Hades, Catão estará catatónico.
É sem duvida, exemplo pragmático do que não se passa neste Portugalzinho de poleiros e compadrios, onde a velha máxima que diz que governar é a arte de servir o próximo, poucas vezes foi aplicada (houvesse muitos e bons cavalos do Estado). Os nossos políticos, dados a contorcionismos, malabarismos e a altos voos de trapézio sobre a cabeça do Zé Povinho, aterram do outro lado, de pé, imaculados e sorridentes, preparados para outro dia de circo. E o Zé Povinho aplaude.
Algures no Hades, Catão estará catatónico.
segunda-feira, janeiro 26, 2009
quinta-feira, janeiro 22, 2009
A ilha já havia nascido quando, do sul, no meio de um mar mudo, as entranhas da Terra pariram a lava ígnea que, entre vapores e convulsões tectónicas, foi crescendo sobre si mesma. A ilha, virgem, tremeu de dores e gemeu, como se a queimassem com um ferro em brasa mil vezes seguidas. As cinzas lançadas até às nuvens pelo bocado de terra parido, cobriram de noite a ilha, rasgaram-lhe sulcos e despiram o verde tímido com que se vestira. E o bocado de rocha negro, monstro, lá no sul, cresceu em tamanho e em fúria. Fez-se ilha, mas depressa veio beijar as costas da ilha velha, que se despenhavam em penhascos brancos no mar. Beijou-as timidamente e logo as agarrou com força, e os dois corpos negros no meio do azul fizeram-se um. Uma ilha.
O monstro era então uma taça em fogo, vomitava rocha fundida que lhe descia pelo peito e se ia derramar, sem pressa, no mar.
Um dia, as convulsões que abalavam os pilares da ilha, cessaram. A rocha ígnea e os vapores aquietaram-se. O monstro que se tornou ilha adormeceu e os dias de silêncio e de sol voltaram a ser contados. Restava agora, do parto mais violento e primitivo, um abraço eterno, uma taça vazia e uma ferida profunda até ao ventre da Terra.
quarta-feira, janeiro 21, 2009
Frio e afins
Hoje a planura do Baixo Alentejo acordou coberta de geada, um manto branco, rasgado aqui e ali, pela copa pesada de um velho sobreiro. Quadros como este só os tinha visto em Trás-os-Montes e nas Beiras, nas serranias onde o frio mata e onde uma boa lareira vale por tudo. Para alguém que, como eu, cresceu em climas mais amenos, estes dias de inverno são uma tortura, suponho que para os Alentejanos, habituados a temperaturas mais elevadas do que estes -3 que o termómetro marcava, também.
Aqui onde estou, logo que de tarde os raios de sol começam a aquecer as ruas frias e o branco das paredes, os mais velhos aparecem e sentam-se nos bancos que ladeiam os caminhos, em frente às habitações, falam de tudo e ficam por ali, porque aqui o ponto de encontro não é a tasca nem o centro de dia. A rua é o mais social, o mais simples (e paradoxalmente o mais complexo) de todos os espaços e, aqui no Alentejo, mesmo em dias menos generosos, é fácil constatar isso.
terça-feira, janeiro 20, 2009
Lixo
O que me indigna é que este chico-esperto, seja lá quem for, decerto terá a sua casa, o seu jardim, o seu quintal, imaculavelmente limpos da porcaria que, tão generosamente, ofereceu aos Graciosenses.
segunda-feira, janeiro 19, 2009
Hotel da Graciosa
Acredito que o hotel será também o primeiro passo para a recuperação da zona da Barra, desde a Pesqueira até á Santa Catarina, ainda que esteja bastante céptico em relação ao projecto "megalómano" da marina, apresentado pela Câmara Municipal e que descaracterizará irremediavelmente aquela zona, já de si com grande potencial, sem precisar que se gastem mundos e fundos para a tornar mais aprazivel e um verdadeiro passeio marginal da Vila de Santa Cruz. Importa mesmo é ir com calma, um pé à frente do outro...
domingo, janeiro 18, 2009
Porto
O Porto é o meu segundo lar. Embora nos últimos meses, por motivos profissionais, tenha andando longe da Invicta, é aqui que tenho parte da minha vida; a casa, os amigos e tudo o que fui construindo ao longo dos anos que por aqui ando.
Aprendi a gostar do Porto, não foi amor à primeira vista. Só lhe conhecendo o coração, se lhe compreende a alma. É preciso ir á Ribeira, calcorrear as ruas da Sé, descer as escadinhas da Vitória, entrar no Bolhão, subir os Clérigos, perdermo-nos entre a Rua de Santa Catarina e a de Cedofeita e acharmo-nos nos Aliados para percebermos um pouco da alma desta cidade especial, onde o calor humano compensa os Invernos menos generosos e os dias escuros como o de hoje.
Hoje o Porto vestiu-se de Inverno e gosto do Porto assim, gosto cada vez mais desta cidade de granitos solenes, das casas em cascata que se despenham no Douro (o Porto é o Douro e vice-versa), das Igrejas centenárias que se escondem em ruelas estreitas, das pontes altivas sobre o rio, da Foz Velha, das tascas e tasquinhas que teimam em subsistir. O Porto é muito mais do que isto e mesmo com os seus defeitos, é uma cidade apaixonante.
Aprendi a gostar do Porto, não foi amor à primeira vista. Só lhe conhecendo o coração, se lhe compreende a alma. É preciso ir á Ribeira, calcorrear as ruas da Sé, descer as escadinhas da Vitória, entrar no Bolhão, subir os Clérigos, perdermo-nos entre a Rua de Santa Catarina e a de Cedofeita e acharmo-nos nos Aliados para percebermos um pouco da alma desta cidade especial, onde o calor humano compensa os Invernos menos generosos e os dias escuros como o de hoje.
Hoje o Porto vestiu-se de Inverno e gosto do Porto assim, gosto cada vez mais desta cidade de granitos solenes, das casas em cascata que se despenham no Douro (o Porto é o Douro e vice-versa), das Igrejas centenárias que se escondem em ruelas estreitas, das pontes altivas sobre o rio, da Foz Velha, das tascas e tasquinhas que teimam em subsistir. O Porto é muito mais do que isto e mesmo com os seus defeitos, é uma cidade apaixonante.
sexta-feira, janeiro 16, 2009
Fotografias da Minha Graciosa - 6
terça-feira, janeiro 13, 2009
sábado, janeiro 03, 2009
Viagem
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar…
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura…
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
Miguel Torga
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar…
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura…
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
Miguel Torga
quinta-feira, janeiro 01, 2009
16 horas e 42 minutos do dia 1 de Janeiro de 1980
A terra sacudiu-se e a Terceira, São Jorge e a Graciosa nunca mais foram as mesmas...
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