terça-feira, janeiro 27, 2009

Catão

Lembrei-me, a propósito dos centos de caso de corrupção que envolvem os nossos políticos, da figura estóica do velho Catão, senador romano e apologista dos bons costumes, que certa vez foi mandado pelo Senado em missão à longínqua Hispânia. Como era hábito, o Estado disponibilizou-lhe cavalos para a desgastante jornada. Catão recusou-os a todos e preferiu ir pelos seus meios: mesmo como representante da república romana, não se achava no direito de usufruir de uma tão valiosa regalia e exigir o que quer que fosse aos seus patrícios.

É sem duvida, exemplo pragmático do que não se passa neste Portugalzinho de poleiros e compadrios, onde a velha máxima que diz que governar é a arte de servir o próximo, poucas vezes foi aplicada (houvesse muitos e bons cavalos do Estado). Os nossos políticos, dados a contorcionismos, malabarismos e a altos voos de trapézio sobre a cabeça do Zé Povinho, aterram do outro lado, de pé, imaculados e sorridentes, preparados para outro dia de circo. E o Zé Povinho aplaude.

Algures no Hades, Catão estará catatónico.

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