segunda-feira, novembro 13, 2006

A casa tradicional da ilha Graciosa (parte II)

A ilha Graciosa, pese o facto dos seus 62 km2, possui o espaço urbano e o espaço rural perfeitamente definidos; a “vila” e o “campo” eram e ainda são duas realidades distintas, sobretudo no que concerne á arquitectura. Enquanto que na vila da Praia e sobretudo na vila se Santa Cruz encontramos mais edifícios de matiz erudita, fora destes centros urbanos não se encontram quaisquer exemplos desta arquitectura mais refinada, embora entre as “casa de alto e baixo” dos lavradores abastados se encontrem casos de bastante requinte.
No “campo”, que corresponde a grande parte da área da ilha predomina uma arquitectura vernácula, fruto de múltiplas influências com casas térreas e casas de 2 pisos a ladearem os caminhos e a guardarem os “cerrados” que lhes ficam adjacentes, traduzindo a secular divisão das gentes do campo: os que tem a terra e os que tem de trabalhar a terra.

Outro aspecto importante relaciona-se com a topografia; a irrelevância dos picos e montes que pontuam a paisagem Graciosense permitiram que o povoamento se desenvolvesse para o interior ao invés do que sucede nas outras ilhas onde se limita á faixa litoral. Este facto permitiu criar uma rede densa de caminhos e canadas ladeados por habitações, ora seguidas umas ás outras ora separadas por quintais e cerrados. Este tipo de povoamento “disperso-orientado”, ao longo dos caminhos, sem aglomerados significativos e com povoações mal definidas, vem substituir a aldeia continental; é mais importante que as habitações fiquem junto aos campos de cultivo do que junto a outras casas.

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